Sérgio Lopes Sakabatō, the reversed blog!

Dia D, de Desespero17 Jun 2008

Fosse este mais um texto sobre os tradicionais problemas que enfrentamos no desenvolvimento de aplicações, e tudo estaria bem, tudo seria normal, ou mesmo natural para quem se aventura pelas artes da programação. Não. Este não é texto sobre os problemas que a plataforma usada no meu projecto, tão graciosamente me apresenta, este é sobre um problema diferente: a falha de objectivos.

A data de entrega a que propus este projecto foi 3 de Julho de 2008, hoje, dia 18 posso dizer que falhei redondamente o que estava planeado para este trabalho. A data de entrega do material provisório, para análise da minha orientadora foi dia 16. Próximo dia 22 terei de terminar o projecto, tem de estar o mais completo possível e fazer tudo o que é suposto, ou pelo menos tudo o que foi colocado no relatório.

Se algum aluno da ESTG ler isto, saberá que o que é importante é o relatório, como dizemos por aqui, “Ninguém olha para o código, só tem de funcionar!”. Mas eu olho para o código, olho para o que escrevi, para as escolhas que fiz, aquelas linhas que não deviam existir, aquelas práticas que bem sei não estarem de acordo com os padrões que impus a mim mesmo durante todo o tempo em que me sinto parte deste curso.

Não sei o que me incomoda mais, se ter falhado os objectivos do projecto, se saber que os falhei porque não tive a coragem de encostar à parede a minha colega de projecto. Sei que o projecto foi idealizado por mim, o software é, principalmente, para minha utilização, mas este foi supostamente um projecto para dois alunos, não para um!

Neste momento tenho consciência que não existe uma linha de código, um único algoritmo, implementação, seja o que for, naquele projecto que não seja meu, que não tenha sido pensado, planeado e executado por mim, cada funcionalidade foi implementada por mim e cada bug é culpa minha. E olhando para o relatório as coisas não parecem muito diferentes.

Ainda me lembro do choque que foi, ao fim de quase dois meses e meio, descobrir que o trabalho a que a minha colega se tinha proposto fazer, não estava feito. Dois meses de suposta escrita de relatório que se revelaram em cerca de 20 páginas de autêntico lixo. Testos que neste momento se encontram no servidor, apenas porque não tive ainda tempo para os apagar.

Mas não a culpo pelo que aconteceu, a culpa foi minha não ter tentado fazer o projecto sozinho, ou não ter apresentado a porta da rua. E por isso estou cansado, demasiado cansado para continuar o projecto, demasiado cansado para levar isto até ao fim.

Cada execução é uma tortura, encontrar um erro no código já não é visto como um problema que precisa ser resolvido mas sim como mais um prego no caixão, e posso dizer-vos, a quem quer que tenha tido a coragem de ler isto, que o caixão é bonitinho, todo pregadinho a dourado, sim, porque se os erros se parecem com pregos, ao menos que sejam pregos de oiro, e me levem rico para cova.

E este é o meu entusiasmo, hurray!, tenho projecto para acabar, hurray!, chumbei a duas frequências por não ter tido tempo de estudar, hurray!, não fui a dois exames para fazer o trabalho que estava atribuído à minha colega, hurray!, o projecto é para entregar terça-feira, e nada funciona!

Portanto, falhei os objectivos, falhei o que queria fazer, o que tinha, com elevada expectativa, definido para o meu último ano de curso. Hurray!, mais um ano em que não devo ter férias, ao menos isso não me tiram, a rotina de não ter férias e passar o Verão a estudar para os exames de Setembro.

E agora vou ver um filme, perder-me na certeza de saber que não sou capaz de acabar isto, estou demasiado cansado!